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Economia

Alívio do tarifaço tem impacto mínimo no RN, e principais setores seguem taxados

Presidente Trump retira sobretaxas de alguns itens, mas mantém tarifas sobre principais produtos exportados pelo RN
Redação
22/11/2025 | 06:22

Os principais produtos exportados do Rio Grande do Norte para os Estados Unidos seguem fora da lista de exceções ao tarifaço imposto pelo presidente Donald Trump. Com isso, pesca, sal e confeitaria seguem sujeitos à sobretaxa, o que diminui a competividade dos produtos potiguares no mercado americano.

Na quinta-feira 20, o presidente dos Estados Unidos assinou uma ordem executiva que remove a tarifa adicional de 40% aplicada a diversos produtos brasileiros, em meio ao avanço das negociações entre os dois países.

Alívio do tarifaço tem impacto mínimo no RN, e principais setores seguem taxados
EUA são o principal destino de metade das exportações potiguares de sal - Foto: José Aldenir/Agora RN

No fim de julho, Donald Trump havia imposto uma tarifa adicional de 40% sobre produtos brasileiros – medida que, somada à alíquota recíproca de 10% válida globalmente, elevou a taxação total a 50%. O decreto, porém, incluiu uma lista com quase 700 exceções, entre elas suco de laranja e itens do setor de aviação. A nova tabela divulgada pela Casa Branca amplia esse conjunto de exceções, que agora conta com mais de 900 produtos.

A carne bovina de alta qualidade e o café estão entre as novas isenções tarifárias. Castanhas-do-pará, caju, coco, laranja, tomate, banana e outras frutas tropicais também estão excluídas da tarifa de 10%.

O presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (Fiern), Roberto Serquiz, afirma que apenas dois produtos potiguares estão contemplados na nova decisão do governo americano: a castanha-de-caju e a manga. “Enquanto isso, os produtos mais afetados pelo tarifaço — como pescados (atum), produtos de confeitaria e sal — permanecem sujeitos à tarifa de 40%”, afirmou o industrial.

Ele observa que, portanto, “o recente benefício tem efeito limitado sobre a pauta exportadora do Rio Grande do Norte”.

A Federação da Agricultura, Pecuária e Pesca do Rio Grande do Norte (Faern) destaca que o maior impacto da medida deve ser na fruticultura. “Ainda assim, a medida contribui para melhorar o ambiente de negócios e pode abrir oportunidades futuras, caso haja investimentos e ampliação da base produtiva, em cadeias nas quais o RN tem produção, mas não é protagonista e possui pouca inserção exportadora”, pondera.

A indústria de pescados ficou de fora da isenção e fala em “frustração”. “Estamos obviamente felizes pelos setores que avançaram, mas frustrados por não vermos evolução e priorização do pescado pelo governo brasileiro”, afirmou, em nota, o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Pescados (Abipesca), Eduardo Lobo.

O café solúvel também não teve alívio tarifário, assim como o mel e diversos produtos industriais, como máquinas e calçados.

Entre os produtos totalmente isentos do tarifaço na quinta-feira está o café, um dos setores mais afetados pela medida em todo o País. Aproximadamente 16% do café brasileiro é destinado aos EUA, um dos principais mercados para o grão. Os embarques ao país caíram de forma expressiva desde agosto, quando o tarifaço entrou em vigor.

A carne bovina, outro item relevante da pauta exportadora brasileira aos EUA, também foi isenta, assim como frutas como abacate, goiaba, manga, banana, açaí e cacau, além de nozes, água de coco, açaí, especiarias, vegetais, raízes e tubérculos.

Exportações em queda

Entre agosto e outubro, as exportações do Rio Grande do Norte para os EUA somaram US$ 9 milhões, o que representa uma redução de US$ 3 milhões (25%) frente ao mesmo período de 2024. Apesar da queda no trimestre, o resultado acumulado de janeiro a outubro de 2025 ainda é positivo: US$ 38 milhões a mais do que em igual período do ano anterior.

Estudo da Fiern aponta que a retração foi ainda mais intensa entre os produtos de maior peso na pauta potiguar, com um déficit de US$ 4,2 milhões (-40,8%) nas exportações dos principais itens. O pescado (atum) teve o pior desempenho, com queda de 72% e frustração de US$ 2,4 milhões em vendas externas. Em seguida aparecem o sal (-46%), as frutas (-29%), as pedras para construção (-29%) e os produtos de confeitaria (-27%).