01/11/2018 | 12:52
Representantes das federações de produtores e trabalhadores da agricultura no Rio Grande do Norte, José Vieira e Manoel Cândido manifestaram nesta quinta-feira, 1°, preocupação com a possibilidade de o próximo governo, de Jair Bolsonaro (PSL), unir os ministérios da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e do Meio Ambiente.
Presidente da Faern, que congrega produtores do Estado, José Vieira disse estar “preocupado” com a possível fusão. De acordo com ele, a narrativa de ambientalistas poderia transformar o agronegócio brasileiro no principal vilão dos problemas ambientais, o que, na opinião dele, não é verdade.
“Os problemas maiores estão nas cidades e na mineração. Quantas cidades não têm saneamento? Não se discute isso. Vejo uma possível transferência de problemas”, argumentou. De acordo com Vieira, toda medida que visa à desburocratização do serviço público é bem-vinda, desde que o agronegócio “não pague o preço”.
Atual presidente da Fetarn, a federação dos trabalhadores da agricultura do Rio Grande do Norte, Manoel Cândido vê a possível fusão ministerial como “muito ruim”. Na opinião dele, a junção das duas pastas representaria na verdade uma submissão do meio ambiente ao agronegócio.
“Quem vai tomar conta disso [novo ministério]? É o agronegócio, que tem sido contra a discussão das reservas ambientais, por exemplo, o tempo todo. Se hoje, com o ministério, está do jeito que está, principalmente na questão do desmatamento, imagine como vai ficar. É um desastre para todos nós”, opina.
Apesar da preocupação, José Vieira descarta que países que importam produtos do Brasil imponham retaliações. “Isso é coisa de ambientalista. O país mais ecológico do mundo é o Brasil. Nenhum dos outros países tem moral para falar sobre meio ambiente conosco. Temos aqui mais de 60% de área preservada, enquanto países da Europa têm só 3%”, justifica.