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Artigo

Os esperneios de Lawrence Amorim

Confira o artigo de William Robson desta terça-feira 05
William Robson
05/11/2024 | 05:51

O presidente da Câmara Municipal de Mossoró, Lawrence Amorim (PSDB), ainda não desceu do palanque. Nem entendeu o resultado emanado das urnas quando foi candidato a prefeito. Em um intervalo de dois dias, entrou com duas ações na Justiça para impedir que o prefeito Allyson Bezerra, eleito no pleito do dia 6 de outubro, assuma o cargo pelo qual foi reeleito. Como se sabe, Allyson obteve 113.121 votos (78,02%), maioria de 97.007 sobre Lawrence, o segundo colocado. Uma mensagem enfática dos mossoroenses.

No entanto, não contente, iniciou uma peregrinação judicial. Quis impedir nova gestão de Allyson e, para isso, procurou o Judiciário no dia 24 de outubro, ao lado do bolsonarista Genivan Vale (PL), terceiro lugar nas eleições, repetindo a parceria.

Lawrence Amorim, presidente da Câmara Municipal de Mossoró / Foto: Edlberto Barros / CMM
Lawrence Amorim, presidente da Câmara Municipal de Mossoró / Foto: Edlberto Barros / CMM

Durante a campanha, PT e PL atuaram em consonância contra um único adversário, esquecendo as desavenças ideológicas e políticas, para emplacar o que foi denominado em Mossoró de “bolsopetismo”. Assim, estes grupos derrotados decidiram novamente unir forças.

Ambos protocolaram ações semelhantes no mesmo dia. Alegaram que a Prefeitura de Mossoró exagerou nos gastos com publicidade institucional no primeiro semestre de 2024, comparando com a média dos três anos anteriores (2021, 2022 e 2023). A parceria bolsopetista pediu que sigilos bancários fossem quebrados, uma devassa que atingiria até agências de publicidade.

A Justiça Eleitoral se manifestou. Disse que as ações não param em pé. A juíza Chinthia Cibele, indeferiu o pedido de liminar: “A carência de coesão lógica com o dispositivo invocado pela parte autora se revela mais uma vez no pedido de afastamento do sigilo bancário relativamente aos três anos anteriores ao período eleitoral, ao passo que para a investigação da irregularidade do art. 73, VII da Lei nº 9.504/97 se demandaria tão somente o debate quanto aos valores empenhados no corrente exercício.”

A exortação da juíza não foi suficiente. Nova ação foi protocolada no afã de alterar o resultado contundente das urnas. Dessa vez, o presidente da Câmara alegou que houve abuso do poder político, midiático e econômico na campanha deste ano, gerando “desequilíbrio indiscutível e notório” no processo eleitoral. É importante ressaltar que as eleições em Mossoró não se trataram de uma disputa acirrada. Longe disso. O prefeito Allyson Bezerra conseguiu praticamente quase a totalidade dos votos da cidade, 78,02%. Lawrence, com 16.115 votos, alcançou 11,11%. Mesmo assim, na petição, Amorim garante que houve desequilíbrio. Para isso, pediu também a quebra de sigilo bancário de empresas e endereços de mídia.

Os esperneios de Lawrence derivam de suas decisões erráticas no campo político. Foi aliado do prefeito Allyson Bezerra até meados deste ano, quando decidiu romper e iniciar a caminhada com o petismo, supondo que o seu capital eleitoral alcançado derivou de si próprio. Fez o cálculo errado, embora ciente de que tornou-se presidente da Câmara, por duas vez, devido o apoio do prefeito e o deputado federal mais votado da história de Mossoró. Segundo o jornalista Carlos Santos, Lawrence mantinha conversas sigilosas com o petismo em Mossoró e Natal meses antes ao rompimento. Atraído pelo petismo e decepcionado por ter sido preterido do cargo de vice do prefeito, decidiu romper. Agora defenestrado nas urnas nas últimas eleições, insiste em novos vexames.

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