Hoje, a prefeitura do Natal gasta R$ 16 milhões com publicidade. Isto é 80% de todo o orçamento do Governo do RN para comunicação em 167 municípios. Os R$ 20 milhões despendidos em 2024 pelo Estado representam o mesmo orçamento do tempo da ex-governadora Wilma de Faria. Mossoró, uma cidade com 300 mil habitantes, canaliza cerca de R$ 8 milhões, quase a metade de um ente da federação. A Paraíba, nosso vizinho, tem R$ 46 milhões em verba de publicidade para utilizar, fora aquilo que ainda é destinado para comunicação por cada secretaria. Elas também têm recursos para publicidade, ao contrário daqui.
É em parte por isso que a prefeitura do Natal consegue pautar o debate na capital e jogar todos os problemas da chamada Cidade do Sol nas costas da governadora Fátima Bezerra. Natal concentra R$ 16 milhões em uma única cidade. O RN pulveriza em 167 municípios. Assim ocorre nas demais localidades. É também por isso que os veículos são compostos por antipetistas ensandecidos pouco preocupados em ao menos apresentar a notícia.

Sem anteparo da comunicação estadual, as prefeituras encontram terreno livre para jogar os seus problemas nas costas do governo. Hoje é mais fácil fazer isto do que apresentar respostas concretas diante de problemas inconvenientes.
Ou Fátima equipara esta disputa ou vai ficar correndo atrás do leite derramado sempre. A falta de equilíbrio faz, além disso, com que não exista uma responsabilização adequada diante da sociedade sobre quem deve executar o quê.
Na prática, para os prefeitos têm sido mais fácil empurrar suas responsabilidades para um elo hoje sem defesa na esfera pública de debate. A relação entre prefeituras, estado e sociedade termina prejudicada.
Bolsonarismo tentar tocar fogo no país para embalar uma anistia
Parece não ter bastado a Jair Bolsonaro estourar as contas federais em 2022 para diminuir a margem de sua derrota. Ou ter usado na campanha o dinheiro da privatização da Eletrobras, os recursos do calote dos precatórios e verbas da Caixa Econômica. Agora, mesmo inelegível, o ex-presidente tenta tocar fogo no País e contra o Judiciário para não ser condenado pela tentativa de golpe após o seu revés. Como Bolsonaro controla 2/5 dos eleitores, o tempo lhe beneficia. Não há timming correto, só aumento do custo de operação. Até o fim de toda essa história, os bolsonaristas pularão de conspiração em conspiração porque seus líderes precisam construir um sentimento de alerta de guerra em vias de ocorrer. É o modo de fazer com que radicais e extremistas passem o dia postando invencionices nas redes sociais e comparecendo em comícios e passeatas.
Repercussão
O texto produzido por este missivista e publicado ontem neste periódico rendeu. Alguns me chamaram de maconheiro, o que trouxe risadas obviamente. Sequer bebo. Mas esse não é um ponto de pauta de relevo. Teria ficado chateado caso meus argumentos tivessem sido desqualificados. Eles seguem incólumes. Até porque resultam de décadas de pesquisa de quem de fato se debruçou sobre o assunto e que são tendência no mundo civilizado. Ataques ao interlocutor significam sempre uma confissão de carência no porte da razão sóbria.