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Coluna

O arroz é o prato do dia na discussão ultra neoliberal

Confira a coluna de Crispiniano Neto desta terça-feira 21
Crispiniano Neto
21/05/2024 | 07:40

Em plena pandemia, o litro de álcool em gel chegou a R$ 90,00. Máscaras de R$ 1,00 foram oferecidas a R$ 30,00. O crime não durou, porque os governos entraram em ação e compraram os produtos para distribuir, tirando do comércio o poder de barganha para estuprar a lei da oferta e da procura.

Agora se viu no Rio Grande do Sul um garrafão de vinte litros de água mineral, que custa em torno dos R$ 6,00, ser “ofertado” a R$ 80,00. Não fossem as doações e os equipamentos desenvolvidos pela USP que purificam água suja para consumo, a tragédia gaúcha estaria dançando entre cruéis possibilidades de morrer afogado ou de sede.

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Plantação de arroz - Foto: Reprodução

O caso mais emblemático, porém, é o do arroz, comoditie da qual é o RS o maior produtor brasileiro.
As águas chegaram e o arroz sumiu das prateleiras. Os preços “do que restou” subiram estratosfericamente, voltando aos patamares criminosos da Era Bolsonaro. Lula reagiu. Anunciou a importação de um milhão de toneladas para serem vendidas a quatro reais o quilo. Foi um Deus nos acuda. Lula iria acabar com os produtores gaúchos que tinham o produto armazenado e ainda iria fazer tabelamento, ferindo a lei da liberdade de estabelecer preços extorsivos, mesmo que esta liberdade ameace o direito à alimentação e à vida.

De repente apareceu o produto. Milhões de toneladas estavam escondidas para o exercício da especulação bandida, em tempos de solidariedade nacional. Tenho certeza de que, se há três meses Lula tivesse anunciado a importação de milhares de toneladas de feijão, o produto não teria ameaçado os índices da economia, nem a sua popularidade.

Não por acaso Bolsonaro acabou com a política de preços mínimos, que não que foi criada na ditadura militar e foi muito bem executada nos governos de Lula e Dilma.

Ouvi há pouco Rodolfo Schneider, da BandNews, falando diretamente de um trem bala, na China. Fazia uma viagem de 1.400 km em quatro horas com preços pouco acima das passagens de ônibus. Fiquei a pensar por que as passagens de avião no Brasil são cotadas ao bel prazer das operadoras, para quem a lei da oferta e da procura, essência do capitalismo, não vale nada.

EUA proíbem o Tik TOK, alegando espionagem, mas o fazem porque não conseguem concorrer com produtos chineses. Agora dificultam a entrada dos carros elétricos chineses. Vale salientar que as empresas que os fabricam na China são privadas e que a China, quando começou sua abertura econômica na década de 1980, privatizou 360 mil empresas estatais em um ano. Uma média de 1 mil por dia.

O resumo da ópera é que a tal “mão invisível do mercado” na teoria é linda, mas na prática simplesmente não existe.

Nem no simples “feijão com arroz”.