Entre os estados vizinhos, o Rio Grande do Norte é o único que não possui uma estrada duplicada ligando sua capital ao interior. Paraíba, Pernambuco e Ceará têm rodovias ampliadas facilitando o tráfego entre as capitais e as principais cidades interioranas – Campina Grande, Caruaru e Aracati, respectivamente. Enquanto isso, nosso estado sofre com transtornos e acidentes na BR 304 entre Natal e Mossoró, meio do caminho para Fortaleza.
Historicamente, a promessa de duplicação da BR 304 tem sido uma constante nos discursos políticos. Precisamos tornar esse discurso em prática. A Reta Tabajara, um trecho inicial para essa duplicação, exemplifica bem essa situação. As obras se arrastam há décadas devido a uma série de complicações financeiras, jurídicas, técnicas e burocráticas. O processo de “começa e para” levou a um encarecimento substancial do projeto. Finalmente, a governadora Fátima Bezerra anunciou prazo para sua conclusão em mais alguns meses.
![Entre o atraso e a esperança: a luta pela duplicação da BR-304 Reta Tabajara, na Grande Natal, é um dos principais pontos beneficiados pelo Novo PAC, que foi anunciado nesta sexta pelo governo, no Rio de Janeiro. Foto: José Aldenir/Agora RN](https://agorarn.com.br/files/uploads/2023/08/Obras-da-Reta-Tabajara-Br-304-23-930x524.jpg)
Nos primeiros mandatos do presidente Lula e da governadora Wilma de Faria, conquistamos a duplicação da BR 101, que conecta Natal a João Pessoa e a Recife. Naquela época, iniciativas para ampliar a BR 304 também foram planejadas, incluindo a inserção de emendas ao Plano Plurianual, o que teria início com a implementação de uma terceira faixa de rodagem em subidas e outros trechos de maior risco.
Diante de tanto atraso dessa obra estruturante, devemos refletir: por que o Rio Grande do Norte não consegue acompanhar seus vizinhos na expansão de sua infraestrutura rodoviária? A resposta está na cultura política predominante no Estado. Para que grandes projetos sejam realizados, é necessário um esforço conjunto da bancada parlamentar para destinar recursos no orçamento federal. No entanto, a prática da maioria dos representantes do Rio Grande do Norte tem sido pulverizar esses recursos em emendas para pequenas obras paroquiais que garantem apoio político de prefeitos e vereadores em suas bases. Temos cidades com calçamento até onde ainda não tem rua. Mas a estrada para chegar até elas está como está.
Obras de maior escala, que beneficiam a região como um todo, não dão retorno político porque o reconhecimento popular sobre elas é diluído entre vários atores.
Infelizmente, essa realidade representar um atraso não apenas em quilômetros de asfalto, mas no desenvolvimento que uma melhor infraestrutura poderia promover. A esperança é que haja uma mudança na mentalidade política para que o Rio Grande do Norte possa finalmente trilhar o caminho do desenvolvimento integrado, alinhado com as necessidades de sua população e as demandas do nosso tempo.