Ganharam repercussão nacional. As ameaças à candidata do PT à Prefeitura de Natal, Natália Bonavides, não podem ser consideradas como uma simples retórica de algum apaixonado militante adversário. Não se pode pagar para ver. Deve acender o sinal de alerta em um Estado em que a violência política é acentuada e parece cultural. As grandes empresas de mídia noticiaram o episódio desta quinta-feira, 24, em que um homem incitava pessoas a contribuir com uma espécie de vaquinha com a finalidade de executar a candidata petista.
Diante da ameaça direta, rapidamente as policiais civil e federal entraram no caso. O “articulador” foi localizado e levado à delegacia para prestar depoimento. O celular foi apreendido e, em seguida, o homem liberado. A motivação, para os analistas, tem a ver com o acirramento da disputa eleitoral. “Ela está crescendo na reta final e está se tornando uma ameaça ao poder”, explicou o jornalista Valdo Cruz, na Globonews. “A gente tá lidando com pistolagem, mesmo sem apertar o dedo”, completou o jornalista Otávio Guedes, destacando algo ainda presente por estas bandas.
Sem dúvidas, o caso envolvendo a deputada federal e candidata tem todos os traços de pistolagem. A morte por encomenda. Neste caso, as intencionalidades remontam ao período do coronelismo político ou como o próprio Otávio Guedes destaca, “ao curral eleitoral”, em que a bala é usada como forma de intimidação. É uma afronta à democracia, à disputa de ideias e de projetos comunitários.
A polícia informou que as investigações não irão parar com o depoimento daquele que planejava o assassinato da candidata. Nem deve. Mais do que isso. Este homem precisa responder pelas ameaças que fez sob todos os aspectos. Sobretudo, porque o suspeito planejou o crime minuciosamente, como descrito no áudio. Para ele, “aqui é fácil de resolver, pelo menos aqui no Nordeste é fácil de resolver, já falei”.
Diante da ameaça, Natália se manifestou. Disse que “infelizmente essa é uma prática recorrente. Sempre que sofro essa onda de ataques e fake news, ela vem acompanhada de ameaças”. Isso é preocupante, visto que crimes de ameaça e violência política são comuns e, muitas vezes, as investigações não vão adiante. Porém, não esqueçamos do grau de atrocidades já testemunhado na política do RN.
No caso mais recente, em agosto, o prefeito de João Dias, Marcelo Oliveira (União Brasil) foi assassinado, junto com o seu pai. O caso repercutiu no Estado, mas não foi o primeiro crime envolvendo políticos por aqui.
O RN tem um histórico de pelo menos outros oito assassinatos de prefeitos desde 1954, a maioria em cidades do Oeste potiguar. Ou seja, a cultura da violência histórica do interior precisa ser eliminada e não espraiada para a capital.
O acirramento da campanha às vésperas da eleição tem ido além do assédio político, das mentiras e dos ataques em Natal. Chegou ao nível do planejamento descarado com fins de assassinato de uma candidata. Quando a situação chega a tal ponto, as autoridades precisam tomar providências urgentes para preservar a vida daqueles que participam do jogo democrático e da também da própria democracia.