O presidente da Câmara Municipal de Parnamirim, vereador César Maia (MDB), afirmou que o projeto Parnamirim Aeroporto Digital representa “o trampolim do futuro” para o município e simboliza a retomada do desenvolvimento econômico e da autoestima local. A declaração foi feita durante audiência pública na última quinta-feira 9, que discutiu a criação de um polo de tecnologia e inovação no espaço do antigo Aeroporto Internacional Augusto Severo, desativado em 2014.
“Hoje nós estamos aqui para abordar um tema que vai trazer, além da dignidade com relação aos empregos, mais autoestima do povo de Parnamirim no que diz respeito à sua reconstrução histórica no contexto mundial. E o Aeroporto Digital é um instrumento que vai possibilitar para Parnamirim estar voando realmente, literalmente, em novos campos, como, por exemplo, na geração de emprego e renda”, declarou ele.
Para César Maia, discutir o projeto do Aeroporto Digital representa um momento de alegria e esperança para a cidade. “Desde 2014, Parnamirim vem amargando a saída do aeroporto, e com isso alguns empregos foram embora e famílias ficaram desamparadas. Pensamos, ao longo desses 11 anos, em várias alternativas de contrapartida para o povo, como a instalação de uma rodoviária, mas nenhuma delas avançou. Acredito que o povo de Parnamirim esperava não era uma rodoviária naquele espaço, e sim um equipamento que possibilitasse a cidade voar alto novamente — não com aviões comerciais, mas com voos na tecnologia, na geração de emprego e renda, voos que vão fomentar a economia do nosso município. É uma contrapartida essencial”.
O projeto, idealizado pela Secretaria Municipal de Planejamento e Finanças, prevê a criação de um parque tecnológico no antigo aeroporto Augusto Severo, em parceria com a Força Aérea Brasileira, o IFRN, a UFRN e instituições como Sebrae, Fiern e Porto Digital, de Recife. Segundo o secretário Kelps Lima, a iniciativa busca resgatar o valor histórico da cidade e inseri-la no mapa da inovação.
“Parnamirim é uma das poucas cidades no Rio Grande do Norte que tem um alcance internacional, que tem uma história que pode ser contada em qualquer lugar que a gente chegue no planeta. Daí a importância dessa construção ser feita por toda a cidade”, pontuou Kelps.
“Quando a gente começou a estudar que tipo de projeto ia fazer, fiquei sabendo que o Instituto Metrópole Digital estava fisicamente esgotado. Não havia mais espaço dentro do Metrópole Digital para colocar novas startups. Alguns amigos da área de tecnologia disseram que, dada essa circunstância, caberia um parque digital em Parnamirim. Estudei o Porto Digital, em Recife, que hoje é o maior case de sucesso no Brasil. Vi que eles pegaram uma área portuária abandonada e fizeram um parque tecnológico que hoje gera mais de 3 mil empregos e movimenta quase R$ 2 bilhões por ano”, relatou.
E complementou: “A ideia do projeto é que tenha um pequeno centro de convenções no aeroporto, que tenha um restaurante com vista para o pôr do sol, que é na pista do aeroporto, salas modernas com empresas, startups, gerando empregos”.
Projeto já atrai investidores internacionais
Durante a audiência, Kelps destacou que o projeto já atraiu o interesse de fundos de investimento, incluindo um americano sediado no Texas. Ele também anunciou a criação de um grupo de trabalho com representantes da prefeitura, do Estado, das universidades e da Câmara Municipal para definir o modelo de negócios e captar recursos.
“Nas duas últimas semanas, nós recebemos consultas de dois grandes fundos de investimento querendo se habilitar para investir no Parnamirim Aeroporto Digital, inclusive um fundo americano situado no Texas, e a gente vai começar esse diálogo assim que formalizar um grupo de trabalho. Já conseguimos uma parte da captação de recursos. Claro, não é um projeto de curto prazo. Isso não vai estar funcionando ano que vem porque é muito grande. Vai levar alguns anos para estar em pleno funcionamento, mas, dada a receptividade que tem tido no mercado, no ecossistema de tecnologia, será menos demorado do que a gente esperava”, frisou Kelps.
Representantes da UFRN, do IFRN e da Aeronáutica reforçaram o potencial transformador do projeto, comparando-o a modelos de sucesso como o Porto Digital de Recife e o Vale do Silício, nos Estados Unidos. O professor Dino Lincoln, da UFRN, destacou que a iniciativa poderá impulsionar o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da cidade e reter talentos locais.
A vereadora Rhalessa de Clênio (Solidariedade), coautora do requerimento que propôs a audiência pública, afirmou que o Aeroporto Digital marca “um novo capítulo de progresso” para o município. “Estamos devolvendo à cidade a oportunidade de crescer com tecnologia, inovação e geração de renda”, disse.
A audiência contou ainda com a presença de representantes da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado, da Agência Espacial Brasileira, além de vereadores e secretários municipais.
