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Diplomacia

Lula diz que tem “idade para falar mais grosso” com Trump e defende diálogo

Durante cerimônia em Brasília, presidente afirmou que não há interesse do governo em “brigar com os Estados Unidos” e que as divergências devem ser resolvidas “na mesa”
Redação
10/10/2025 | 15:23

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nesta sexta-feira 10, que tem “idade para falar mais grosso” com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, por ser oito meses mais velho que o norte-americano. A declaração foi feita durante a cerimônia de lançamento do novo modelo de crédito imobiliário, em Brasília.

“Eu completei 80 anos no documento no dia 6 de outubro e foi o dia que conversei com o Trump. Eu comecei a conversa com o Trump dizendo assim: eu estou completando 80 anos de idade e você vai completar 80 anos no dia 14 de junho. Ele é oito meses mais novo que eu, portanto eu tenho idade de falar mais grosso com ele”, disse Lula.

Lula troca de avião após falha no motor antes de voo no Pará - Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
Durante evento em Brasília, Lula afirmou que relação entre Brasil e Estados Unidos deve ser baseada no diálogo - Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

O presidente relatou que, durante a conversa, defendeu harmonia entre os dois países. “Eu disse para o Trump: nós dois com 80 anos e governamos as duas maiores democracias do Ocidente, a gente não pode passar discórdia, desavença para o ‘restante’ do mundo. Precisamos passar harmonia. Tem divergência? Vamos colocar na mesa”, afirmou.

Lula também comentou que mantém relação de respeito com outros líderes, independentemente de diferenças políticas. “Eu acho que a gente [ele e Trump] estabeleceu uma relação que nunca deveria ter sido truncada porque nunca tratei presidente de outro país ideologicamente. Quem tem que tratar ideologicamente é o povo que elegeu ele. Eu não. Eu tenho que tratá-lo com o respeito de alguém que foi eleito e ele me tratar com o respeito de alguém que foi eleito e fique em paz”, declarou.

Durante o discurso, Lula defendeu o diálogo como caminho para resolver divergências. “O Brasil não tem interesse de brigar com os Estados Unidos, com a Bolívia, com o Uruguai. Por que eu quero brigar com os Estados Unidos? E se a gente brigar e se a gente ganhar, o que a gente vai fazer? O melhor é não brigar. É melhor sentar numa mesa, conversar um pouquinho”, disse.

O presidente acrescentou que o governo deve buscar alternativas comerciais diante de impasses. “A nossa orientação aqui, eu tinha o Alckmin negociando, o Haddad negociando, Mauro Vieira negociando. Eu disse: a gente não vai ficar chorando o leite derramado não. Se ele [Trump] não quer comprar, a gente vai vender na China, na Ásia. A gente vai vender em qualquer país do mundo”, afirmou.

Em tom descontraído, Lula brincou com o fato de ser corinthiano e de ter amigos de outros clubes. “Não tem tema proibido para conversar. Eu sou corinthiano, mas tenho muitos amigos palmeirenses. Não tem torcedor mais fanático que o palmeirense, mas eu trato bem. Eu gosto de conviver com as desavenças tratando democraticamente”, completou.

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