O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quinta-feira 9 que parte da elite brasileira — a quem chamou de “vira-latas” — desejava que ele “rastejasse atrás” do governo dos Estados Unidos, em referência às sanções impostas pelo presidente Donald Trump a produtos e autoridades brasileiras.
“Quando o presidente Trump resolveu gritar com o Brasil, os vira-latas desse país queriam que eu rastejasse atrás do governo americano. E eu aprendi com uma mãe analfabeta: não abaixe a cabeça nunca. Se o pobre abaixar a cabeça, eles colocam uma cangaia e você nunca mais consegue levantar a cabeça”, declarou Lula.

As falas ocorreram durante cerimônia de anúncio de investimentos na indústria naval, em Maragogipe (BA). “Ninguém respeita quem não se respeita. Se vocês quiserem ser respeitados, antes vocês se respeitem”, completou o presidente.
Lula também comentou sobre a conversa telefônica que manteve com Trump na última segunda-feira 7, quando ambos acertaram um futuro encontro presencial. “O presidente Trump, que parecia o inimigo número 1, me telefonou e disse pra mim: ‘Lulinha, pintou uma química entre nós, vamos conversar, vamos discutir’. Sabe? E é bom que pinte uma química mesmo, porque eu sei gostar de gente”, contou o chefe do Executivo.
Durante o diálogo, o presidente brasileiro solicitou a retirada das tarifas impostas às exportações nacionais e o fim das sanções aplicadas a autoridades do país. Para conduzir as tratativas, Lula designou os ministros Geraldo Alckmin (Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços), Fernando Haddad (Fazenda) e Mauro Vieira (Relações Exteriores). Pelo lado norte-americano, o secretário de Estado, Marco Rubio, foi indicado para liderar as negociações.
Ainda nesta quinta-feira, Mauro Vieira conversou por telefone com Rubio. Segundo o Itamaraty, as equipes dos dois governos se reunirão presencialmente em Washington (DC), em data ainda a ser definida.