21/01/2018 | 19:00
Um grupo de cientistas da Universidade da Califórnia, liderado pelo biólogo brasileiro Alysson Muotri, descobriu uma droga que pode tanto impedir a infecção pelo vírus da Zika quanto evitar que ele seja transmitido para o feto em gestantes que já estão doentes, causando microcefalia. Os testes com células e camundongos deram certo, e a solução tem potencial para funcionar também no ser humano.
A cloroquina, como é chamada, ficou famosa ao ser adicionada ao sal de cozinha da população da Amazônia na década de 1950 para combater um surto de malária. Seu truque é alterar o Ph (isto é, o grau de acidez) das células de forma que elas se tornem inóspitas para certos vírus. Não é comum usar medicamentos que originalmente tinham outras aplicações para combater doenças novas, mas o truque nesse caso, deu certo.
Os pesquisadores fizeram testes in vitro com sucesso – usando colônias de neurônios cultivadas especialmente para esse tipo de experimento. Depois passaram para os camundongos, que também reagiram bem ao medicamento. Fêmeas grávidas tratadas com cloroquina se tornaram imunes à doença, e tiverem filhotes saudáveis mesmo após serem expostas ao vírus. Os resultados estão em um artigo científico, publicado na Scientific Reports em novembro do ano passado.
“O Zika pertence a um grupo de vírus – os flavivírus – que são muito resistentes a vacinas”, explica Muotri. “Demora muito tempo para desenvolver métodos profiláticos contra eles. Nós precisávamos de uma solução mais rápida. A cloroquina é um remédio já conhecido e barato, que não tem patente. Se houver outro surto de Zika no próximo verão, é possível usá-la para proteger a população.”
Fonte: Revista Saúde