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Reação
Filme sobre bastidores do impeachment de Dilma Rousseff é aplaudido em Berlim
'Processo' lotou exibição na mostra paralela Panorama, fora de competição, e contou com cineastas brasileiros na plateia
Da Redação
22/02/2018 | 21:00

Precedida por um protesto em apoio a Lula e Dilma Rousseff, realizado por brasileiros moradores de Berlim, a exibição de “O processo”, de Maria Augusta Ramos, no Festival de Berlim, foi recebida com reações apaixonadas e aplausos ao fim do filme, nesta quarta-feira.

A sessão estava lotada, com boa parte da plateia formada por brasileiros, inclusive cineastas que também estão com filmes selecionados no festival, como Karim Aïnouz e Luiz Bolognesi. Além dos aplausos, houve gritos de “Fora Temer” e “Fica Dilma”.

No documentário, a cineasta acompanha bastidores da movimentação política que levou ao impeachment da ex-presidente, entre abril e agosto de 2016.

Ao longo de pouco mais de duas horas de projeção, a diretora de “Justiça”, “Juízo” e “Morro dos prazeres”, percorre os corredores e gabinetes da Câmara e do Senado federais colada nos protagonistas do histórico processo – com mais desenvoltura pelos gabinetes dos deputados e senadores do PT, responsáveis pela defesa da ex-presidente.

– O lado da acusação me negou acesso a eles – contou Maria Augusta, aplaudida de pé após a projeção, coroada com gritos de “Fora Temer!” e “Volta, Dilma!”. – Foquei mais no ritual processo do afastamento em si, do que na Dilma. Já fiz uma trilogia sobre o sistema judicial brasileiro. Então sempre estive interessada no funcionamento do sistema e no teatro da Justiça, e nesse caso do iimpeachment, no teatro da justiça na política e, através desse teatro, tentar refletir um pouco sobre o que acontece na nossa sociedade.

O documentário de Maria Augusta mostra como a equipe que defendeu Dilma, acusada de maquiar as contas públicas, preparou sua estratégia e lutou até o final, apesar de estar cada vez mais consciente de que a destituição, apoiada pela oposição, seria inevitável.

Sem voz em “off” nem entrevistas, o documentário de mais de duas horas de duração mostra, além disso, as conversas de corredor, os encontros de dirigentes políticos, assim como os momentos de tensão nos bastidores e nas ruas, sintoma do clima de polarização que tomou conta dos brasileiros.

Artífices da defesa ante a comissão especial que conduziu o processo de impeachment, o advogado José Eduardo Cardozo e a senadora Gleisi Hoffmann, que é a atual presidente do PT, se transformam, assim, em protagonistas de um documentário em que Dilma é onipresente, mesmo que seja apenas mostrada falando à imprensa ou fazendo pronunciamentos.

“Faço filmes para entender a realidade”, afirmou Maria Augusta à AFP. “O que estava acontecendo no Brasil me preocupava muito.”

Maria Augusta explica que a defesa de Dilma concedeu um amplo acesso ao processo. “Conheciam meu trabalho e confiavam em mim. Houve poucas exceções por parte de alguns senadores que optaram por deixar uma reunião quando eu entrava com a câmara”, explica a cineasta, enfatizando que a oposição preferia não se deixar filmar.

Ela assegura, no entanto, que a todo momento pôde trabalhar com independência total.

No ano passado, também em Berlim, vários cineastas brasileiros alertaram para a suposta ameaça que representava para a cultura o governo de Michel Temer, que, como vice de Dilma, assumiu a presidência.

Cerca de 300 personalidades do audiovisual brasileiro pediram, em uma declaração, o apoio dos representantes do cinema internacional, da mesma forma que, meses antes, a equipe do filme “Aquarius”, dirigido por Kleber Mendonça Filho, havia denunciado no tapete vermelho do Festival de Cannes o que consideravam um golpe de Estado.

O Festival de Berlim, em sua 68ª edição, vai até o dia 25 de fevereiro. Confira os 19 longas que estão na corrida pelo Urso de Ouro

  • “3 days in Quiberon”, de Emily Atef (Alemanha / Áustria / França).
  • “Ang panahon ng halimaw”, (“Season of the Devil”), de Lav Diaz (Filipinas).
  • “Damsel”, de David Zellner e Nathan Zellner (EUA).
  • “Don’t worry, he won’t get far on foot”, de Gus Van Sant (EUA).
  • “Dovlatov”, de Alexey German Jr. (Rússia/ Polônia / Sérvia).
  • “Eva”, de Benoit Jacquot (França / Bégica).
  • “Figlia mia”, de Laura Bispuri (Itália / Alemanha / Suíça).
  • “Las herederas”, de Marcelo Martinessi (Paraguai / Uruguai / Alemanha / Brasil / Noruega / França).
  • “In den Gängen”, (“In the aisles”), de Thomas Stuber (Alemanha).
  • “Ilha de cachorros”, de Wes Anderson (Reino Unido / Alemanha).
  • “Khook”, (“Pig”), de Mani Haghighi (Irã).
  • “Mein Bruder heißt Robert und ist ein Idiot”, (“My brother’s name is Robert and he is an idiot), de Philip Gröning (Alemanha / França / Suíça).
  • “Museo”, de Alonso Ruizpalacios (México).
  • “La prière”, de Cédric Kahn (França).
  • “Toppen av ingenting”, (“The real estate”), de Måns Månsson e Axel Petersén (Suécia / Reino Unido).
  • “Touch me not”, de Adina Pintilie (Romênia / Alemanha / República Tcheca / Bulgária / França).
  • “Transit”, de Christian Petzold (Alemanha / França).
  • “Twarz”, (“Mug”), de Małgorzata Szumowska (Polônia).
  • “Utøya 22. Juli”, (“U – July 22”), de Erik Poppe (Noruega).

 

 

Fonte: O Globo

 

 

 

 

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