São 37 Vitórias, seis delas por nocaute, dois empates e 17 derrotas. Com esse cartel respeitável, que lhe rendeu a conquista do cinturão dos pesos pena (até 66 kg) pelo Coliseu Extreme Fight, de Maceió, o porteiro de uma faculdade de Natal e segurança de uma casa de recepções, João Paulo Rodrigues, tem vivido dias agitados.
Desde que recebeu o convite para lutar no próximo dia 14 de setembro na Eslováquia contra Ludovit Klein, mais novo e com um poderoso cartel de 14 vitórias, cinco delas por nocaute, nenhum empate e apenas duas derrotas, João Paulo começou uma batalha pessoal.
Treinando até oito horas por dia, uma rotina que ele só interrompe para buscar patrocinadores que financiem sua estadia na Eslováquia, já que até agora só garantiu as passagens de ida e volta, os dias andam curtos para ele. Depois de saber que não renovaria sua prestação de serviços na Faculdade, e mantendo uma academia de Jiu-Jitsu deficitária na Zona Norte, onde os alunos têm dificuldade de pagar a mensalidade de R$ 50,00, João anda com seu cinturão à tiracolo e um talão de rifas de um fogão no bolso. Comerciantes do bairro da Pompeia também tem ajudado.
Com 12 quilos a menos, perdidos nas últimas duas semanas, o único brasileiro a vencer nos ringues a lenda potiguar, Renan Barão, no entanto, está otimista.
Tanto que pretende desdobrar sua viagem para a Eslováquia, na Europa Central, aproveitando para dar um pulinho na Ucrânia, onde conseguiu agendar uma luta com um adversário cujo nome não se lembra, mas com a bolsa paga em Euros.
“Quero também passar na Holanda e na Áustria para ver se eu consigo agendar alguma coisa por lá”, diz o lutador paraibano, desde os seis anos radicado em Natal.
Tendo o irmão como treinador, ele começou a lutar nos octógonos do vale tudo aos 21 anos já como profissional, variando sempre o repertório a partir de sua especialidade: o Jiu-Jitsu. “Mas sou muito bom no chão”, reconhece, o que pode tê-lo levado, anos atrás, a derrotar Renan Barão, um feito só conseguido por lutadores estrangeiros, nenhum brasileiro até agora, sem contar ele.